Sua empresa possui uma lista com os valores que ela cultua? Parabéns! Você está um passo à frente daquelas que fizeram apenas o dever de casa de definir sua missão e visão. Se essa lista estiver impressa e divulgada em todos os murais e na web, melhor ainda.
Mas para que serve, exatamente, essa lista de valores? Tem alguma utilidade prática ou foi apenas o exercício de um modismo imposto por MBA’s que afirmam a necessidade das empresas possuírem uma declaração de valores para que possam “conquistar e manter vantagem competitiva”? (aliás, muitos adoram utilizar esta última frase quando querem acabar com a argumentação em torno de qualquer tipo de ação proposta para suas empresas).
Em nosso propósito de potencializar pessoas e organizações temos percebido que a mística em torno dos valores organizacionais esconde um fato crucial a ser considerado pelas empresas: se a identificação dos valores atuais é de extrema importância, é mais importante ainda a definição de como esses valores se manifestarão em todos os níveis organizacionais.
Esse ponto merece ser esclarecido e exemplificado. Tivemos um cliente que tinha dentre seus valores o “comprometimento”. Todos na empresa sabiam disso, mas se questionados sobre o que é ser comprometido, quando percebo que o comprometimento está presente ou como reforçar o comprometimento nas pessoas, recebíamos apenas respostas vagas. Após auxiliá-los no processo de identificação das manifestações do valor, chegamos a declarações concretas. Para a direção, entre outras, ser comprometido é “manter o foco no crescimento sustentável da empresa”. Para o chão de fábrica, da mesma forma, ser comprometido é “saber o que se tem de fazer. E fazer!”.
Explorando o exemplo anterior, podemos perceber a capacidade que a manifestação do valor possui para alinhar vontades, energias e competências na conquista dos objetivos da empresa. Ao contratar um novo torneiro mecânico não lhe dizemos que nessa empresa somos todos comprometidos. Podemos ser mais claros e diretos: “o que esperamos de você é que saiba o que tem de fazer em sua função. E que faça sem precisar ser mandado!”. Amplie esse conceito para obter as declarações em todos os níveis da estrutura organizacional, para todos os valores, e veja o potencial de aplicação em sua empresa.
Ah! Uma última coisa. Depois de concluir esse primeiro estágio na construção de uma organização baseada em valores é bem possível que você perceba que suas antigas visão e missão não façam mais tanto sentido. Use essa oportunidade para explorar novas possibilidades, cada vez mais coerentes com os propósitos da empresa e capazes de “conquistar e manter vantagem competitiva”.
Geraldo Gonçalves Junior
Mestre em Adm pela PUC Rio, é sócio da EDigital Consultoria e Treinamento.
Atua como consultor de negócios e no desenvolvimento de projetos para Organizações.
É, também, professor de estratégia em diversos MBA’s.
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