quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Após dominar patrocínios, BMG quer comprar clube e chegar à elite

                                                                                                Foto: IG Esportes

Maior investidor do futebol brasileiro, o BMG quer agora um clube próprio na elite do campeonato nacional. O projeto do banco, que estampa sua marca em nove camisas da Série A e tem participação em direitos econômicos de pelo menos 100 jogadores profissionais, é comprar uma equipe na Série B, investir na contratação de jogadores e em estrutura e levá-la à primeira divisão até 2014.

Em setembro, o BMG esteve próximo de fechar o acordo com um clube da segunda divisão. O acerto não ocorreu, segundo um funcionário do banco, porque o valor pedido pelos donos da equipe foi muito alto. “A ideia é ter um time, no máximo, até o ano que vem. Projetamos estar na Série A em 2014”, revela o ex-goleiro Kléber Guerra, que trabalha como executivo do grupo.

O perfil de clube a ser comprado está definido: uma equipe que dispute a Série B, sem muita torcida – para que não haja reações caso o time mude de cidade- e, de preferência, que já esteja constituída como empresa. A verba que o grupo estaria disposto a gastar no negócio não é revelada.

Desde 2009, o grupo mineiro tem um fundo de investimento em participações, o Soccer BR1, que está registrado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O objetivo do negócio é comprar “fatias” de jogadores jovens e lucrar com a venda futura deles. Paulinho, do Corinthians, Henrique, do Santos, e Marlos, do São Paulo, são alguns dos atletas que o banco tem participação nos direitos econômicos. A lista completa dos 100 jogadores não é divulgada.

O BMG já tem um clube em Minas Gerais. Em 2010, o grupo comprou o Coimbra, time que usa para registrar alguns dos seus atletas. A equipe disputada torneios sub-20 e em 2012 jogará a segunda divisão do Campeonato Mineiro.

O dono do banco, Ricardo Guimarães, foi presidente do Atlético-MG, quando o time caiu para segunda divisão. Um aliado político dele no clube, Hyssa Moises, é quem gerencia a área de investimentos no futebol. A reportagem do iG tentou falar com os dois, mas a assessoria de imprensa do grupo disse que eles não iriam dar entrevistas. 

BMG na série A
Patrocínio na camisa
América-MG, Atlético-MG, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.

Participação em direitos econômicos de jogadores
Avaí, Botafogo, Corinthians, Fluminense, América-MG, Atlético-MG, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.

Conflito de interesse?
Parceiro de pelo menos 13 equipes da Séria A, seja em contratos de patrocínio, empréstimos feitos a esses clubes ou participação em direitos econômicos de seus jogadores, o BMG teria algum impedimento legal em seguir essas atividades e, ao mesmo tempo, ser rival desses times?

Segundo o artigo 27 A da nova Lei Pelé, “é vedado que duas ou mais entidades de prática desportiva disputem a mesma competição profissional das primeiras séries ou divisões das diversas modalidades desportivas quando: a) uma mesma pessoa física ou jurídica, direta ou indiretamente, através de relação contratual, explore, controle ou administre direitos que integrem seus patrimônios”. 

O advogado Pedro Alfonsin, especialista em direito esportivo, lembra, entretanto, que isso não ocorre no caso do BMG, já que o banco nem pode ter legalmente participação na administração dos clubes que ele é parceiro. “Sendo assim, não existe impedimento legal de uma empresa adquirir um clube de futebol e patrocinar outro, assim como ter participação nos direitos econômicos dos atletas, mesmo pertencendo à mesma divisão”, argumenta Alfonsin.


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