terça-feira, 26 de abril de 2011

NÓS, OS SMARTPHONES E AS EMPRESAS

Nós e os Smartphones


Lembro como se fosse hoje quando acessei a internet pela primeira vez, morava no interior de São Paulo, acessava um provedor na capital (por isso os acessos eram escassos e noturnos pra ficar mais barato) e a ideia de não ter limites e da abstração de onde estava o conteúdo me fascinava.

Era a internet nascendo! E-mails, conversas online com pessoas do mundo todo, etc., eram difíceis de explicar, e convencer as pessoas de que isso mudaria a vida de todos também.

Lembro-me, como se fosse hoje, quando uma operadora de celular trouxe o primeiro smartphone com um rudimentar Windows Mobile para o Brasil. Eu achei que essa coisa de "smartphone" ia dar samba. Minha cidade do interior de São Paulo é prolífica na produção de médicos, logo, tive uma ideia bacana e quase impossível para a época, devido aos altos custos envolvidos: médicos com uma base de dados armazenada na internet e acessível do consultório, plantão do hospital e no celular recém lançado. O termo 'computação na nuvem' não existia ainda.
Argumentos de que isso daria certo não faltavam, afinal, o pequeno celular com Windows Mobile poderia acessar a internet, um app acessaria os dados na nuvem e permitira mobilidade total. E-mails e dados poderiam ser atualizados em tempo real, fotos poderiam ser tiradas e armazenadas na internet, dentre outras coisas. Era um mundo fantástico!
Logo entrei em contato com a operadora que detinha a exclusividade do aparelho, e, para minha surpresa, nem eles acreditavam muito na coisa, embora oferecessem, aos desenvolvedores cadastrados, desconto na aquisição e até treinamento. Eles acreditavam no active sync (quando o smartphone é sincronizado com o PC via cabo) e eu, viajando na internet. Frustrado, deixei meus planos prá lá, e fui cuidar da vida!



Nesse meio tempo...

Vimos os celulares com Windows Mobile evoluírem na sua forma, mas estacionarem no conceito, fazendo-nos acreditar que deveríamos ter um 'minicomputador' em mãos. A Nokia e seu valente Symbian faziam a mesma coisa bem como a Palm e seu Treo, que era o fantástico Palm que fazia ligações.

Todos tentavam fazer a mesma coisa, mas faltava muito poder computacional e capacidade de armazenamento para que os Smartphones fossem levados a sério. O tempo foi passando.



O chacoalhão!

Paralelamente vimos surgir MP3 Players, e, ao contrário do que todos pensam, não foi Steve Jobs que inaugurou a categoria com o iPod! Haviam players muito bacanas, anos antes dele, como Rio Player da Diamond Multimedia. Mas mr. Jobs viu o Rio Player, que tinha controles circulares, exatamente como os iPods originais, colocou nele uma telinha legal (mesmo mono), controles elaborados e a click wheel. Nascia assim o MP3 player que foi pai de toda revolução que vemos hoje.

As empresas então viram que unir um MP3 player e um celular dava jogo, embora mr. Jobs lutasse bravamente contra dizendo que seus consumidores desejavam relaxar, desligar do mundo e não atender a ligações telefônicas.
Eu gostei da ideia, e comprei um Motorola Rokr! Era horrível, bugado, mas, quando funcionava, atendia bem ao que eu esperava. Logo mr. Jobs começou a ver que talvez seus consumidores achassem legal usar apenas um gadget no bolso ao invés de dois. Apple + Motorola (sim, Motorola!) lançaram o primeiro iPhone.
Era um Motorokr sem o software horrível da Motorola que foi substituído pelo software do iPod, além de substituir o preto do Motorokr pelo branco do iPod! Suspeito de que, embora tenham vendido pouco (aqui no Brasil) mr. Jobs sonhou com voos maiores. E a Apple lançou o iPhone!




A revolução!

Confesso, eu ri quando vi o iPhone pela primeira vez.

Por que eu deixaria de comprar um celular com Windows Mobile, onde eu podia instalar aplicativos desenvolvidos por qualquer um, enquanto a Apple em sua mania "protetora" só permitia aplicativos desenvolvidos pela própria Apple?
Como é que um dedo poderia ser mais preciso que uma Stylus (uma canetinha usada antigamente para fazer as coisas nos Palms e nos Windows Mobile)? Não demorou muito para que hackers quebrassem a proteção da Apple e começassem a desenvolver aplicativos pro iPhone, e havia muita gente pensando como eu, principalmente nas empresas.
Mr. Jobs percebeu isso logo e mudou de opinião lançando o primeiro SDK (Software Development Kit ou kit para o programador desenvolver) para o iPhone, e virou o mercado de cabeça para baixo.
Sucesso total, jogou a Microsoft no limbo dos smartphones, colocou a Nokia e seu onipresente Symbian num escorregador do topo pra baixo e acendeu uma luz no Google, que logo criou o Android.
Sucesso com o público em geral, hoje os smartphones são indispensáveis no mundo corporativo.



Nós, os Smartphones e as empresas

Bem, depois do lançamento do iPhone, todos conhecem a história, e não será preciso 'chover no molhado', vamos direto ao que nos interessa.

Informação é o que move as empresas, e os executivos precisam ter fácil acesso a elas. Velocidade, qualidade e disponibilidade são essenciais, e é aqui que os smartphones entram em nossas vidas.
A velocidade é garantida por um grande poder computacional, capaz de rodar apps (aplicativos) ou webapps (páginas web que fazem o acesso aos dados da empresa) corporativos cada vez mais complexos, fornecendo a qualidade da informação, e a disponibilidade faz com que essa informação esteja acessível quando você precisa, e não quando alguém termina de processá-la e organizá-la.
Isso permite que você possa ser mais proativo ao invés de reativo, acessando os dados e tomando as decisões corretas quando necessário ou quando aquele 'insight' aparece, e ele não escolhe hora nem lugar para aparecer. 
Também é importante quando uma reação é necessária, o tempo de reação é reduzido drásticamente. Trabalho como desenvolvedor, numa empresa líder na América Latina em HDTV, e como desenvolvedor, faço plantões e preciso ser encontrado a qualquer hora do dia ou da noite. Meus superiores precisam estar cientes de todos os problemas/soluções do plantão na hora em que eles acontecem, e não são raras as vezes que precisam tomar decisões com base nessas informações.
Os smartphones são essenciais nessa situação toda. Quando um problema acontece, um email é disparado, e um aviso salta na tela do meu smartphone, que está ligado ao servidor de emails da empresa, posso então acessar o site da empresa e avaliar o problema ainda na tela do meu smartphone.
Como você pôde ver, sou acionado e tomo decisões no instante em que o problema acontece. Disparo emails para os departamentos envolvidos solicitando a verificação dos problemas que detectei ou, caso uma ação da minha parte seja necessária, meu smartphone passa a ser um modem, onde conecto o notebook e atuo para corrigir o problema.
Tudo isso em menos de cinco minutos, não importa onde eu esteja. Numa situação normal, não preciso ficar preso em casa para atuar no plantão com eficiência.
Vamos retirar o smartphone dessa equação e avaliar o tempo de reação. Sou acionado, e se não estou em casa ou na empresa, tenho que me deslocar para o local mais próximo, e em São Paulo, embora eu more bem localizado e a empresa também esteja bem localizada, qualquer deslocamento não demora menos que 30 minutos e uma hora é um tempo normal de deslocamento. Só aí poderei ler o email e tomar decisões.
Imagine a frustração de levantar no meio de um jantar agradável, ir pra casa e descobrir que foi acionado indevidamente? Vamos pensar agora, numa ideia embrionária que tive anos atrás. Um médico com um número grande de pacientes os visitas no hospital, deve confiar na memória, mesmo passado a noite acordado num plantão para avaliar o progresso de um paciente? Também deve confiar na memória para avaliar uma interação medicamentosa? Vidas estão em jogo. Colocando um smartphone nessa equação, podemos minimizar erros e agilizar processos.
Algumas empresas ainda não perceberam que os benefícios superam os custos dessa operação. Acredito, inclusive, que os custos já não são tão altos como os que tornaram inviável aquela minha ideia de anos atrás. Minutos e trafego de dados ilimitados são quase o padrão das operadoras de telefonia celular, que até oferecem smartphones de graça para planos empresariais.
Ainda está em dúvida? Comece então devagar. Empresas oferecem internet no celular por R$ 0,50 ao dia no pré-pago, faça um teste e passe a ler seus emails quando você quiser e não apenas quando puder. Arrume uma forma de medir o ganho em produtividade em sua vida. Pense no tempo entre o telefonema e o acesso a informação depois me conte.



Camilo Pedroso é desenvolvedor Web na SKY-HDTV

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