terça-feira, 12 de julho de 2011

Os negócios milionários nas festas de rodeio no Brasil


Rodeio de Indaiatuba


Cerca de 1.800 festas de peão são realizadas no Brasil ao longo do ano

Um evento que reúne música, culinária, esportes, história e a coragem do homem para enfrentar animais de até uma tonelada atraem milhares de pessoas e gera lucros por onde passa. O Rodeio virou tradição nos interiores do Brasil, mas para entender melhor esta festa e a paixão do seu público, é preciso antes, entender como ela começou.

Antigamente não existiam caminhões para transportar o gado de uma cidade à outra, a única alternativa era levar toda a tropa andando. Os peões, sobre seus cavalos, acompanhavam o ritmo lento do gado e demorava dias, semanas e até meses para chegar ao destino desejado. Barretos servia de passagem para as comitivas que levavam gado de um estado ao outro, além de ser uma das principais paradas escolhidas para o descanso. Como estes trabalhadores não tinham muita diversão inventarão a brincadeira de montar nestes animais selvagens. Quem conseguisse ficar mais tempo sobre o touro, ganhava a disputa entre eles. Assim começaram os primeiros desafios entre peões e animais.


Foi em um sábado de 1947, na quermesse realizada pela prefeitura de Barretos, que aconteceu o primeiro rodeio do país. E em 1955 um grupo de rapazes ligados a agropecuária local teve a idéia de promover festas inspiradas nas fazendas e nestas competições, com o objetivo de arrecadar fundos para as entidades assistenciais da região. Um ano depois foi lançada a 1ª festa do peão de boiadeiro de Barretos que se transformou em um dos eventos mais importantes do Brasil. Sua feira comercial vende desde pipocas a caminhonetes e arrasta a cada temporada cerca de 800 mil turistas para a cidade e seus arredores.


De lá pra cá, o rodeio transformou-se em esporte oficial e é um dos eventos que mais cresce no Brasil. Com o intercâmbio que Barretos iniciou os peões brasileiros começaram a fazer sua trajetória fora do país e arrecadaram diversos títulos. Estas festas cresceram e se organizaram, surgindo diversos profissionais que se dedicam para dar suporte a este mercado que está em crescimento.



Um exemplo do crescimento do rodeio no país, está no interior de São Paulo, onde o circuito destas festas acontece anualmente. A Festa do Peão de Indaiatuba é uma delas, com mais de 200.000 metros quadrados, um público estimado de 200 mil pessoas e estacionamento para oito mil veículos, o rodeio de Indaiatuba conta com uma equipe de mais de 2.000 trabalhadores para garantir que o evento figure entre um dos melhores do Brasil e, está atingindo, cada vez mais, uma dimensão maior de público e patrocinadores e, reconhecimento na região.



Segundo dados da Confederação Nacional de Rodeios (CNAR), estima que exista cerca de 1.800 festas de rodeio, realizadas no Brasil ao longo do ano, atraindo um público cada vez mais numeroso de diversas idades. Um levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo mostra que, as 30 maiores festas de rodeio do país tiveram 4 milhões de visitantes em 2010. O número representa 70% do público que assistiu, nos estádios, aos jogos da série A do Campeonato Brasileiro. Porém, o patrocínio de marcas para este tipo de evento no Brasil é pequeno se comparado aos investidos no futebol, ou com relação aos eventos de montaria em touro nos Estados Unidos, onde as premiações chegaram a 7 milhões de dólares. 


Mas algumas empresas já começaram a investir nestes eventos, como as marcas de cervejas e também, os próprios organizadores das festas de peões investem cada vez mais na publicidade e marketing do seu rodeio. Com isso, surgem programas de TV e revistas voltadas a este segmento. Para ter noção da importância que as festas de peão têm no comércio, só em 2010, das 3.700 Amarok vendidas pela Volks, metade foi comercializada a partir de negócios iniciados nos rodeios.


As barracas que oferecem refeições também ganham com estes eventos, na última festa de Americana foi comercializado um milhão de latinhas de cervejas, 500 mil latinhas de refrigerante, 130 mil lanches de pernil e lingüiça, 90 mil hambúrgueres e 85 mil cachorros-quentes. 


Outro segmento que cresceu e se destaca, em questão de valores e premiação, são as companhias de boiadas, um exemplo é a Cia 3B, do empresário Ricardo Dias de, Botucatu, mais conhecido como Bentinho. Ele já adquiriu 34 bezerros no EUA e sua Cia já faturou quase duas dúzias de fivelas como melhor touro ou boiada. Com o seu touro de destaque, conhecido como Pesadelo, pesa 980 quilos e com sete anos de idade já está avaliado em R$ 1 milhão.


Não se esquecendo, os shows e atrações musicais são responsáveis por arrastar uma grande parcela do público para estas festas. Além de músicas sertanejas, os rodeios trazem outros nomes da cultura brasileira desde MPB, rock, pagode, axé e até figuras internacionais já pisaram nas arenas do Brasil. 


Como exemplo, em Barretos, já subiu ao palco Garth Brooks em 98, Alan Jackson em 99, Reba McEntire em 2000, Mariah Carey em 2010, entre outros nomes espalhados na história do rodeio do país.


Texto: Anieli Barboni - Lance Comunicação

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